RESUMO |
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Uma meia verdade é…1
“Uma meia verdade que se disfarça de verdade total é uma total inverdade” (J. I. Packer).2 Ou, sendo menos polido e mais direto do que Packer, “Uma meia verdade que se disfarça de verdade total é uma grande mentira”. E nesta postagem quero tratar de uma meia verdade adventista.
Uma meia verdade adventista
Essa meia verdade é ensinada por alguns adventistas que tenho encontrado em grupos do Facebook. Costumam dizer que “o ensino clássico, histórico e oficial de luteranos, presbiterianos, batistas, metodistas e assembleianos” é que os Dez Mandamentos são a lei moral de Deus. Conforme veremos abaixo, essa é uma meia verdade adventista.
E esses adventistas generalizam e enganam muita gente. É fato que metodistas, assembleianos e presbiterianos concordam com isso. Mas nem todos batistas concordam. E esse não é o ensino oficial dos luteranos.
O que está em jogo por trás desse golpe baixo de adventistas é a necessidade de justificarem o sábado. Afinal, o sábado é a razão da existência da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Tire a obrigatoriedade da guarda do sábado, e a IASD perde o motivo para existir.
E, para justificar o sábado, nada melhor do que tentar vender a ideia de que todos os Dez Mandamentos são de natureza moral. Afinal, se nove mandamentos são morais, por que o mandamento do sábado não poderia ser?
É fato que existem confissões de fé que afirmam que os Dez Mandamentos são a lei moral de Deus. É o caso da Confissão de Fé Westminster [1646], da Segunda Confissão de Fé Batista de Londres [1689], da Declaração de Fé e Ordem de Savoy [1658], etc. Mas, por outro lado, muitos documentos confessionais protestantes não afirmam isso! E alguns chegam a dizer que o sábado foi abolido!
As origens puritanas do sabatismo
Para começar, precisamos lembrar o sentido de “sabatismo”. É uma palavra que significa “o princípio da guardar um dia de descanso em cada sete dias”.
Pois bem, foi lá na Inglaterra, em meados do século 17, que surgiram as primeiras confissões de fé que ensinavam o sabatismo, aplicando esse princípio ao dia do Senhor, isto é, ao domingo.
Mas a Reforma Protestante tinha começado mais de 130 anos antes, ou seja, ainda no século 16. Esse foi um século de muita produção literária. Em 1517 Lutero publicou as famosas 95 teses. Em 1536 Calvino publicou As institutas da religião cristã. Em 1548 foi impressa A breve introdução à religião cristã, título do catecismo de autoria do anglicano Cranmer. E esses homens escreveram muito mais.
Nesse mesmo século líderes cristãos de vários países redigiram confissões de fé e também escreveram inúmeros livros. Mas nesse período não encontramos absolutamente nem um só texto clássico ou oficial que diga que o mandamento do sábado é de natureza moral!
As coisas começam a mudar só a partir de meados do século 17 (isto é, por volta de 1650), que é quando encontramos declarações doutrinárias que afirmam que os Dez Mandamentos são em sua totalidade a lei moral de Deus. Se você quiser entender como houve essa mudança, como ideias sobre a continuidade dos Dez Mandamentos entraram no pensamento evangélico, pesquise sobre as origens puritanas do sabatismo e os debates sobre o assunto nos séculos 16 e 17.
Uma pesquisa dessas muito provavelmente deixará você surpreso, assim como me deixou. Você entenderá, por exemplo, por que a Primeira Confissão de Fé Batista de Londres, escrita em 1644, não menciona os Dez Mandamentos, ao passo que a Segunda Confissão, de 1689, menciona.3
Felizmente há na internet alguns textos que contam a história do surgimento do sabatismo no meio puritano. É verdade que, até onde sei, esses textos estão todos em inglês. Mas talvez, com a ajuda do Google Translator, mesmo quem não lê inglês consiga ter uma boa ideia dessa história. Um texto particularmente esclarecedor é “Old Testament laws: from Sunday to Sabbath: the Puritan origins of modern Seventh-day Sabbatarianism” [Leis do Velho Testamento: do domingo para o sábado, as origens puritanas do sabatismo do sétimo dia].4
Há também um artigo muito bom escrito por Herman Hanko: “A comparison of the Westminster and the Reformed Confessions” [Uma comparação entre as Confissões de Westminster e as Reformadas]. O autor, professor de história eclesiástica em um seminário reformado, conta que
“O puritanismo também deixou marcas nas confissões. Basta comparar o tratamento, por exemplo, do ‘sabbath’ cristão no Catecismo de Heidelberg e na Confissão de Westminster para ver que o capítulo sobre a guarda do sábado que aparece na Confissão de Westminster só poderia ter sido escrito sob a influência e dentro do contexto do puritanismo. A visão puritana do ‘sabbath’ [isto é, o dia de descanso], que não é encontrada em nenhum credo continental e é mais rigorosa do que a ideia do próprio Calvino, domina a confissão de Westminster. O princípio todo de ‘pureza de culto’, uma ênfase tão forte no pensamento puritano, tornou possível, por exemplo, a rejeição de dias santificados que encontramos no capítulo XXI.”5
Refutação da meia verdade adventista
Mas vamos ao que interessa: a refutação da meia verdade de que, lá na sua origem, a totalidade de presbiterianos, batistas, luteranos e anglicanos aceitava oficialmente que todos os Dez Mandamentos são a lei moral de Deus.
Seguem, então, textos de teólogos e confissões do século 16 que desmentem essa ideia.
Martinho Lutero
“Não encontramos anteriormente [a Moisés] nada escrito sobre o sábado… Esse é um acréscimo e adaptação temporários destinados exclusivamente a esse povo que foi tirado do Egito. O sábado também não devia durar para sempre, assim como a totalidade da lei de Moisés também não devia durar para sempre… Por esse motivo, o sétimo dia não diz respeito a nós gentios.
“Por esse motivo também Isaías declara no capítulo 66 [v. 23] que o sétimo dia cessaria com a vinda do Messias, quando a verdadeira santificação e a palavra de Deus aparecessem abundantemente. Ele diz que haveria um sábado após o outro e uma lua nova após a outra, ou seja, que tudo seria puro sábado, e não haveria mais nenhum sétimo dia em particular com seis dias de intervalo. Pois a obra santificadora ou a palavra de Deus teria pleno alcance diária e abundantemente, e cada dia seria sábado.”6
Lutero se manifestou algumas outras vezes contra a guarda do sábado. Consegui identificar a rejeição de Lutero ao sábado nos seguintes textos do reformador alemão:
- “Contra os profetas celestiais” (monografia)
- “Como os cristãos devem considerar Moisés” (sermão)
- Interpretação de Gênesis (livro)
- Catecismo maior (catecismo)
- Comentário sobre Gálatas (livro)
- “Contra os sabatistas” (carta)
- “Tratado contra os antinomistas” (monografia)
Em todos esses textos Lutero deixou clara a sua rejeição de que o sábado faça parte da lei moral de Deus. Para saber o que mais Lutero falou sobre o sábado e ver muitas outras passagens do grande Reformador, leia a postagem Lutero condenava a guarda do sábado.
João Calvino
“CRISTO ABOLIU A LEI JUDAICA DO SÁBADO. Mas não há absolutamente dúvida alguma de que esse preceito fora uma prefiguração, sendo imposto sobre os judeus durante a era das cerimônias, com o fim de lhes representar, sob uma observância externa, o culto espiritual de Deus. Portanto, com a vinda de Cristo, que é a luz das sombras e a realidade das figuras, esse preceito foi abolido, como as sombras permanentes da lei mosaica, como Paulo testifica com toda a clareza (Gálatas 4.8–11; Colossenses 2.16–17). … Assim, vão dissipar-se as falácias dos sofistas, os quais infectaram o mundo com a noção judaica, a saber: que a parte cerimonial desse mandamento foi abolida (em sua fraseologia, chamam-no “a designação” do sétimo dia); mas que a parte moral permanece, a saber, a observância de um dia semanal.”7
Essa é uma citação da obra Instituição da religião cristã (também intitulada Institutas da religião cristã), o mais importante livro de autoria de Calvino.
Além disso, nos seguintes textos Calvino indica que o sábado foi abolido:
- Catecismo de Genebra (catecismo)
- Comentário sobre Gênesis (livro)
- Comentário sobre Gálatas (livro)
- Comentário sobre Romanos (livro)
- Sobre a vida cristã (livro)
Todos esses textos você encontra na postagem Calvino rejeitava a guarda do sábado.
Ulrico Zuínglio
O amigo de Calvino escreveu:
“O dia de descanso está sob o domínio do homem e não o homem sob o domínio do dia de descanso. Em poucas palavras, o dia de descanso e todos o tempo estão sujeitos ao homem, e não o homem ao dia de descanso. … O propósito de todas as coisas é o bem dos homens ou o serviço aos homens e não a opressão deles. … Vocês praticamente não conhecem a liberdade que têm. A causa disso é que os falsos profetas não lhe contaram dessa liberdade.”8
Thomas Cranmer
O anglicano Thomas Cranmer, que liderou a Reforma Inglesa e foi arcebispo de Cantuária, escreveu um catecismo em 1539. Ali ele ensina o seguinte sobre o quarto mandamento:
“Nós, homens cristãos na nova aliança, não estamos presos àqueles mandamentos da lei de Moisés referentes a diferenças de tempos, dias e carnes, mas temos liberdade e autonomia para usar outros dias para nossos dias de descanso e neles ouvir a palavra de Deus e guardar um santo descanso. E, portanto, para que se guarde e se mantenha essa liberdade cristã, agora não guardamos mais o shabbath ou sábado como os judeus guardam, mas observamos o domingo e certos outros dias, conforme os governantes julguem conveniente, aos quais nisso devemos obedecer.” 9
Repare o que Cranmer diz:
- Não estamos presos à guarda de mandamentos cerimoniais, nos quais ele inclui o sábado.
- Essa é uma questão de liberdade cristã.
- Cabe aos governantes estabelecer o calendário e aos cristãos segui-lo.
William Tyndale
No capítulo 14 de O grande conflito, Ellen White tece muitos elogios a William Tyndale, que foi torturado até a morte em 1536. Sobre o quarto mandamento, Tyndale tem a seguinte opinião:
“E, quanto ao dia de descanso, um tema de grande importância, somos senhores sobre o dia de descanso. E até podemos mudá-lo para a segunda-feira ou para qualquer outro dia, conforme considerarmos necessário. Ou podemos santificar apenas um em cada dez dias, caso tenhamos motivo. Caso fosse prático, poderíamos ter dois dias de descanso por semana para ensinar ao povo. Não houve nenhum motivo para mudá-lo do sábado, senão para nos diferenciar dos judeus e para não nos tornarmos servos do dia, conforme a superstição deles. Nem precisaríamos de absolutamente nenhum dia santo, caso as pessoas pudessem ser ensinadas sem haver esse dia.”10
John Bunyan
Apesar de Bunyan ser puritano, ainda assim rejeitou a natureza moral da guarda do sétimo dia!
“Aqui, ao tratar de quatro questões, demonstrei que a guarda do sétimo dia não é de natureza moral. … Uma vez que a lei da natureza não revela a nós, seres humanos, que o sétimo dia é o santo sábado de Deus, então a guarda desse dia é arbitrária e não de natureza moral.”11
Confissão Luterana de Augsburgo (1530)
Lemos no artigo 28 da Confissão de Augsburgo:
“A Sagrada Escritura cancelou o sábado e ensina que depois da revelação do evangelho podem se omitir todas as cerimônias da lei antiga. Contudo, visto que era necessário estabelecer um dia determinado, a fim de que o povo soubesse quando devia se reunir, a igreja cristã destinou o domingo para esse fim, e tanto mais agrado e disposição teve relativamente a tal mudança, para que o povo tivesse um exemplo da liberdade cristã e se soubesse que nem a guarda do sábado nem de qualquer outro dia é necessária.”
“Há muitas discussões falhas sobre a mudança da lei, sobre as cerimônias do Novo Testamento, sobre a mudança do sábado. Originaram-se todas da falsa e errônea opinião de que devia haver na cristandade um culto similar ao levítico ou judaico, e de que Cristo haja ordenado aos apóstolos e bispos que inventassem novas cerimônias necessárias para a salvação. Esses erros se introduziram na cristandade quando não se ensinava e pregava de maneira límpida e pura a justiça da fé.”12
Repare naquilo que a Confissão de Augsburgo declara:
- A Bíblia cancelou o sábado.
- Não é necessária a guarda de nenhum dia, nem mesmo domingo.
- A falta de entendimento sobre a justificação pela fé levou ao erro do sabatismo.
Confissão de Fé Escocesa (1560)
(O texto abaixo, adotado pela Igreja Reformada da Escócia, é longo e cita a lei de Deus, mencionando vários mandamentos. Mas existe algo revelador na Confissão Escocesa: é que ela omite qualquer referência ao sábado!)
“Confessamos e reconhecemos que Deus deu ao homem sua santa Lei, na qual se proíbem não só as obras que desagradam e ofendem sua divina majestade, mas também se ordenam todas aquelas que lhe agradam e que ele prometeu recompensar. Essas obras são de duas espécies. Umas são praticadas para a honra de Deus e as outras para benefício de nosso próximo, e ambas têm a vontade revelada de Deus como sua garantia.”
“Ter um só Deus, adorá-lo e honrá-lo, invocá-lo em todas as nossas dificuldades, reverenciar o seu santo nome, ouvir a sua Palavra e crer nela, participar dos seus santos sacramentos, são obras da primeira espécie. Honrar pai, mãe, príncipes, governantes e poderes superiores, amá-los, sustentá-los, obedecer às suas ordens – se estas não são contrárias aos mandamentos divinos – salvar as vidas dos inocentes, reprimir a tirania, defender os oprimidos, conservar nossos corpos limpos e santos, viver em sobriedade e temperança, tratar de modo justo todos os homens tanto por palavras como por obras e, finalmente, reprimir quaisquer desejos pelos quais nosso próximo recebe ou pode receber dano, são as boas obras da segunda espécie, as quais são mui gratas e aceitáveis a Deus, visto que ele mesmo as ordenou.”
“Os atos contrários são pecados dignos da maior indignação, que sempre lhe desagradam e o provocam à ira. São eles: não invocar só a ele quando temos necessidade, não ouvir com reverência a sua Palavra, mas desprezá-la e rejeitá-la, ter ou adorar ídolos, alimentar e defender a idolatria, fazer pouco do venerável nome de Deus, profanar, abusar ou desprezar os sacramentos de Jesus Cristo, não obedecer ou resistir aos que Deus colocou em autoridade, enquanto se mantenham dentro dos limites da sua vocação, cometer homicídio ou ser conivente com homicídio, odiar o próximo, permitir que seja derramado o sangue inocente, se podemos impedi-lo. Em conclusão, confessamos e afirmamos que a quebra de qualquer mandamento da primeira ou da segunda espécie é pecado, pelo qual se acende a ira de Deus contra o mundo soberbo e ingrato. Assim, afirmamos serem boas obras somente as que são praticadas com fé, segundo o mandamento de Deus, que, em sua lei, expôs o que lhe agrada. Afirmamos que as obras más não são apenas as que se praticam expressamente contra o mandamento de Deus, mas também as que em assuntos religiosos e de culto a Deus, não têm outro fundamento senão a invenção e a opinião do homem. Desde o princípio Deus as vem rejeitando, como aprendemos das palavras do profeta lsaías e de nosso Senhor Jesus Cristo: ‘Em vão me adoram, ensinando doutrinas e mandamentos de homens’.” (capítulo 14)13
Observações:
- A Confissão Escocesa reconhece a origem divina da lei e a divide em duas partes: uma trata das obras (isto é, deveres) relativas a Deus; a outra, das “obras” relativas aos homens.
- Ela também reconhece que “que a quebra de qualquer mandamento da primeira ou da segunda espécie é pecado”.
- MAS — e isto é muito importante — ao contrário da Confissão de Fé de Westminster, a Confissão Escocesa não menciona as tábuas da lei nem os Dez Mandamentos.
- E na longa lista de pecados contra Deus e o próximo, a Confissão Escocesa não menciona o sábado ou o domingo!
Segunda Confissão Helvética (1566)
Adotada pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria e Polônia, a Segunda Confissão Helvética declara que:
“A lei de Deus … foi escrita nos corações dos homens pelo dedo de Deus (Romanos 2.15) e é chamada de lei natural; foi também esculpida pelo dedo de Deus nas duas tábuas de Moisés e mais pormenorizadamente exposta nos livros de Moisés (Êxodo 20; Deuteronômio 5). Para maior clareza, distinguimos: a lei moral contida no Decálogo ou nas duas Tábuas e expostas nos livros de Moisés; a lei cerimonial, que determina as cerimônias e o culto de Deus; e a lei judiciária, que versa questões políticas e administrativas.” (capítulo 12)
“Neste ponto, entretanto, não cedemos às observâncias dos judeus e às superstições. Pois, não cremos que um dia seja mais santo do que outro, nem pensamos que o repouso em si mesmo seja aceitável a Deus. Além disso, celebramos, espontaneamente, o Dia do Senhor e não o sábado.” (capítulo 24)14
Repare nos seguintes detalhes da Segunda Confissão Helvética:
- A lei de Deus não é sinônimo de Dez Mandamentos, pois está escrita nos corações dos homens. Além disso, é “exposta nos livros de Moisés”, não se restringindo às tábuas da lei. A lei de Deus é muito mais do que os Dez Mandamentos.
- Não existe um dia mais santo do que outro. Ou seja, o sábado não é superior ao domingo nem a qualquer outro dia da semana.
- Os cristãos celebram o domingo. O original latim diz celebramus (celebramos, festejamos, comemoramos) e não custodiamus (guardamos). Isso é muito diferente da ênfase adventista de “guardar” um dia.
- Além disso, a celebração acontece “espontaneamente”, ou, numa tradução mais literal “por livre observância” (latim: “libera observatione”). Em outras palavras, a observância do dia do Senhor se dava sem imposição. Isso é muito diferente do ensino da Igreja Católica, a qual reivindica autoridade para mudar, por conta própria, o dia de guarda do sábado para o domingo. Com essa mudança, os católicos ficaram obrigados a guardar o domingo. Mas, de acordo com a Confissão Helvética, a mudança não foi resultado de imposição, mas uma decisão livre, ou seja, não baseada nos Dez Mandamentos, pois não há “um dia mais santo do que outro”.
Trinta e Nove Artigos (1571)
Esse importante documento da Igreja Anglicana (Igreja da Inglaterra) diz o seguinte a respeito do Velho Testamento:
“Embora, no que diz respeito a cerimônias e ritos, a lei dada por Deus por intermédio de Moisés não seja obrigatória aos cristãos, nem seja necessário que os preceitos civis da lei sejam aceitos em qualquer comunidade, ainda assim, absolutamente nenhum cristão está livre da obediência aos mandamentos que são chamados de morais.” (artigo 7)15
Observações:
- A expressão “preceitos civis da lei” deixa claro que a expressão “lei de Deus” significa toda a lei dada por Deus a Moisés e não apenas os Dez Mandamentos.
- Os cristãos devem guardar todos os “mandamentos que são chamados de morais”, o que é muito mais do que apenas os Dez Mandamentos.
- Os cristãos não estão obrigados a seguir as cerimônias e ritos da lei do Velho Testamento.
Cânones de Dort (1619)
Esse documento elaborado por cristãos calvinistas holandeses afirma que “os Dez Mandamentos foram dados por Deus, por intermédio de Moisés, especificamente aos judeus” (Capítulos 3 e 4, artigo 5).16
Outros documentos
Os seguintes documentos e vários outros são totalmente omissos a respeito dos Dez Mandamentos:
- Confissão de Fé Valdense de 1544
- Confissão de Fé de Guanabara (1558)
- Confissão Belga (1561)
- Confissão de Fé Menonita de Dordrecht (1632)
Denominações modernas que rejeitam normatividade do Decálogo
Hoje em dia, ao contrário do que propalam alguns adventistas de pouco preparo, há inúmeras igrejas herdeiras da Reforma que rejeitam que a guarda do dia de descanso seja obrigatória ainda hoje! Seguem alguns exemplos.
Reformados
Há um grande número de denominações calvinistas que não adotam a Confissão de Fé de Westminster, isto é, não adotam o pensamento puritano. Várias reconhecem apenas as Três Fórmulas de Unidade (Confissão Belga, Cânones de Dort e Catecismo de Heidelberg). Ao contrário da Confissão de Fé de Westminster, esses três documentos abordam de um modo diferente a questão do dia de descanso.
A Confissão Belga, na verdade, nada fala a respeito. Os Cânones de Dort dizem que os Dez Mandamentos foram dados “especificamente aos judeus”. O Catecismo de Heidelberg aborda cada um dos Dez Mandamentos. Ao tratar do mandamento do sábado, apresenta o duplo enfoque encontrado frequentemente em textos da época: 1) o dia de descanso deve ser reservado para o culto a Deus e a prática do bem; 2) o cristão deve começar nesta vida o descanso eterno, diariamente desistindo das obras más e deixando que o Senhor, por seu Espírito, opere em sua vida.
Veja, por exemplo, três denominações calvinistas que não reconhecem a Confissão de Westminster:
Christian Reformed Church (Igreja Cristã Reformada)
De acordo com seu site na internet, essa denominação sediada nos Estados Unidos adota as Três Fórmulas de Unidade, “cujas doutrinas estão de pleno acordo com a Palavra de Deus”.
Reformed Church in the United States (Igreja Reformada nos Estados Unidos)
No site dessa igreja lemos que essa igreja está “comprometida com as Confissões Históricas da Reforma, especificamente as Três Fórmulas de Unidade“.
Christian Reformed Church in South Africa (Igreja Cristã Reformada na África do Sul)
Essa igreja na África não dispõe de site na internet, mas seu seminário teológico dispõe. Ali encontramos a informação de que essa igreja também adota as Três Fórmulas de Unidade.
Anglicanos
Os Trinta e Nove Artigos continuam aceitos pela Igreja Anglicana. Em anos recentes vários livros foram escritos para expor para os anglicanos a importância e o significado dos Trinta e Nove Artigos.17
Além da Igreja Anglicana, diversas ramificações do anglicanismo também adotam os Trinta e Nove Artigos como sua base teológica! É o caso, por exemplo, da Free Church of England [Igreja Livre da Inglaterra].18
Luteranos
“Os referenciais centrais da identidade luterana são as Sagradas Escrituras, os credos cristãos [Apostólico, Niceno e Atanasiano], a Confissão de Augsburgo [1530] e o Catecismo Menor de Martim Lutero [1529].”19
A declaração acima é encontrada no site da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
Repare que a sequência dos textos centrais vai do mais importante, a Bíblia, até o menos importante, o Catecismo Menor. Aliás, o Catecismo Menor foi escrito um ano antes da Confissão de Augsburgo. É verdade que o Catecismo Menor menciona o mandamento do sábado, mas, o que é muito importante, nada diz sobre a guarda de um dia.
“As comunidades que formam a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil assumiram este documento de fé [isto é, a Confissão de Augusburgo] como referência básica para a sua confessionalidade e identidade”.20
Em outras palavras, o mais importante documento de identidade luterana dessa denominação luterana brasileira não é o Catecismo Menor, mas a Confissão de Augusburgo. A propósito, essa é a maior denominação luterana no Brasil, com mais de 600 mil membros.
Alegações adventistas
Alguns adventistas tentam refutar algumas (mas nem todas) provas apresentadas acima.
“Mas tem o ‘Tratado contra os antinomistas’, escrito por Lutero”
Citando o “Tratado contra os antinomistas”, de autoria de Lutero, certo adventista disse que ali o reformador exalta “os Dez Mandamentos como regra de conduta cristã”. Só que o adventista omitiu uma frase crucial de Lutero nesse mesmíssimo texto:
“O referido J. Eisleben, mestre em ciências humanas, deseja que, em seu nome, eu faça um desmentido daquilo que ele pregou ou escreveu contra a Lei Moral ou contra os Dez Mandamentos e para professar que ele é do mesmo pensamento que nós aqui em Wittenberg e também em Augsburgo, de acordo com o teor da nossa Confissão [de Augsburgo] e Apologia ao Imperador [a respeito da Confissão].”21
Lutero está mencionando dois documentos: Confissão de Augsburgo e Apologia da Confissão de Augsburgo, que foi escrita para o Imperador. A frase crucial de Lutero deixa mais do que claro que, mesmo anos depois da elaboração da Confissão de Augsburgo, ele continuava endossando o que estava escrito ali: “A Sagrada Escritura cancelou o sábado … nem a guarda do sábado nem de qualquer outro dia é necessária” (artigo 28). Ou seja, Lutero continuava entendendo que o sábado foi, sim, abolido!
“Argumentos do silêncio para nada servem”
Conforme mencionado acima, vários documentos oficiais elaborados até aproximadamente 1650 não falam absolutamente nada dos Dez Mandamentos nem do sábado, indicando que isso não era tema relevante. Incomodados com isso, certos adventistas apresentam a seguinte alegação:
“O fato de aqueles documentos não tratarem dos Dez Mandamentos não significa que não considerem os Dez Mandamentos válidos ainda hoje. São argumentos do silêncio, que não servem de prova nem de contraprova de nada”.
É verdade que, em geral, argumentos do silêncio têm pouco valor, mas aqui esses adventistas desconsideram totalmente dois detalhes: 1) a natureza das confissões de fé; e 2) o período de silêncio.
1) Sobre a natureza das confissões de fé, é preciso estudar sua finalidade e o momento histórico em que cada uma foi escrita. É que as confissões de fé expõem aquilo que era considerado o mais importante e mais relevante nas comunidades de fé em que elas foram elaboradas.
Se os Dez Mandamentos e a guarda do sábado são tão importantes assim, por que aquelas confissões de fé se calam a respeito? Aqui o argumento do silêncio fala alto, pois aquelas comunidades de fé não consideraram importante falar dos Dez Mandamentos nem, muito menos, do sábado. Em outras palavras, para aquelas comunidades os Dez Mandamentos ou o sábado não eram importantes para a vida cristã ou, pelo menos, não eram tão importantes!!!
2) Sobre o período de silêncio, isso fica muito claro. Até 1649, nenhuma confissão de fé — absolutamente nenhuma — ensinava que a guarda do sábado é de natureza moral. A partir de 1649 muitas confissões de fé — mas muitas mesmo — dizem que é, sim, de natureza moral.
O que os adventistas não querem enxergar é que, logo antes de 1649, aconteceu na Inglaterra alguma coisa que levou os teólogos a acreditarem que o quarto mandamento não é cerimonial, mas moral. E esse algo tem nome: movimento puritano.
“Os reformadores falaram abobrinhas”
Tem adventista que defende que algumas vezes os reformadores falaram “abobrinhas” — isto é, tolices — acerca da lei. Os reformadores foram homens usados por Deus, mas, ao contrário da Bíblia, não eram infalíveis. Eram pessoas em crescimento na fé e no conhecimento de Deus. Em outras palavras, podiam mudar de ideia sobre algum assunto, caso chegassem à conclusão de que estavam errados. É o que acontece com todos nós.
Quando um adventista afirmou num grupo do Facebook que Lutero falou “abobrinhas”, respondi com algumas perguntas:
- E a Ellen White nunca se contradisse?
- Ela também não disse suas “abobrinhas”?
- Acaso ela é mais santa e mais pura do que Lutero ou mesmo do que Pedro, discípulo e apóstolo de Jesus, que falou abobrinha?
- Por que Ellen White não teria falado abobrinhas?
Ao invés de responder às perguntas, é claro que esse adventista se calou. Ele não tem argumentos.
Aliás, essas abobrinhas são muito comuns em quem fala e/ou escreve muito, óbvio caso da Ellen.
“A Primeira Confissão de Fé Batista de Londres menciona, sim, o Decálogo”
Achando que a afirmação que fiz acima invalida todo o argumento da postagem, alguém tentou me provar que a Primeira Confissão de Fé Batista de Londres menciona, sim, o Decálogo. Ele apresentou basicamente dois argumentos:
Primeiro argumento
“O capítulo 29 dessa confissão diz ‘… o crente … anela por uma perfeição celestial e evangélica, em obediência a todos os mandamentos que Cristo, como cabeça e rei desta nova aliança, prescreveu a ele’. Os mandamentos só podem ser os Dez Mandamentos.”
Resposta. São duas refutações a esse argumento.
Primeira refutação: esse adventista não atentou para Mateus 28.20, o único versículo citado pela confissão para fundamentar aquela afirmação:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.19-20).
Jesus não disse “ensinando-os a guardar todos os Dez Mandamentos”, mas “todas as coisas que vos tenho ordenado”.
E quais foram essas coisas? Quem conhece o Novo Testamento sabe quais são: pregar o evangelho em todo o mundo (Mateus 28.19), batizar em nome da Trindade (Mateus 28.19), celebrar a ceia (Lucas 22.19), amar de uma maneira não ensinada no Velho Testamento, isto é, se necessário dando a própria vida (João 15.12-13), etc.
Mas não encontramos uma única ordem de Jesus para guardar o sábado! A razão é simples, o sábado era sinal da velha aliança, e na nova aliança temos outros sinais: batismo e ceia.
Segunda refutação: Com toda certeza, quem mais entende da Primeira Confissão de Fé Batista (1644) são aquelas igrejas que ainda hoje adotam essa confissão. É o caso da Primeira Igreja Batista em Parker (no Texas, Estados Unidos). Essa igreja adota a Primeira e também a Segunda Confissão de Fé (1689) e reconhece que elas divergem sobre o sábado! No site da igreja lemos:
“Por isso exercemos a liberdade de discordância amorosa naquelas áreas em que essas magníficas confissões podem divergir, em especial quanto ao ‘sábado’ e à ‘lei. Damos as boas-vindas para serem membros de nossa igreja tanto aqueles que [de acordo com a Segunda Confissão, de 1689] entendem que devem guardar o dia de descanso quanto aqueles que [de acordo com a Primeira Confissão, de 1644] entendem que não é preciso guardar esse dia.”22
Segundo argumento
O apêndice da Primeira Confissão reconhece a validade dos Dez Mandamentos.
Resposta. O trecho relevante é o ponto 10: “no seu evangelho Cristo nos ensina e nos ordena a caminhar no mesmo caminho de justiça e santidade que, por meio de Moisés, Deus ordenou que os israelitas caminhassem: todos os mandamentos da Segunda Tábua, os quais Cristo ainda nos entregou, e também todos os mandamentos da Primeira Tábua (no tocante à vida e ao espírito deles), os quais são expressos neste epítome ou breve resumo, ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração…’ (Mateus 22.37-40; Romanos 13.8-10)”.
Esse argumento é capenga por dois motivos:
1) Um apêndice escrito por um único homem (Benjamin Cox) não tem a autoridade de uma confissão de fé aprovada por 16 homens. Uma comparação: um livro escrito para explicar as 28 doutrinas fundamentais dos adventistas não tem a mesma autoridade que as próprias 28 doutrinas.
2) Para piorar, Cox reconhece a autoridade de “todos os mandamentos da Segunda Tábua”, mas faz uma ressalva aos mandamentos da Primeira: são válidos apenas “no tocante à vida e ao espírito deles”! Em outras palavras, Cox acompanha o pensamento de Lutero, Calvino e outros reformadores e ensina que a guarda do sábado não é de natureza moral. Caso contrário, o que Cox teria querido dizer com essa ressalva? Perguntei ao adventista, que preferiu ficar calado.
Confirmação por eruditos adventistas
Estudiosos adventistas confirmam que o ensino dos reformadores era que o sábado foi abolido com a vinda de Cristo. Um deles é P. Gerard Damsteegt, professor do Departamento de História da Igreja do Seminário Adventista do Sétimo Dia, Universidade Andrews. Veja o que ele escreveu :
“Uma das tradições que não foi corrigida [pelos reformadores] era a crença de que o sábado era judeu e foi abolido com a primeira vinda de Cristo. … O domingo era uma instituição humana. [Os reformadores] apoiaram a ideia de um dia de culto semanal, mas deixaram o dia específico para ser decidido pelas autoridades e pela igreja. Na opinião deles, poderia ser em qualquer dia porque não havia um dia que fosse sagrado; todos os dias eram iguais. O domingo, no entanto, permaneceu o dia escolhido, uma vez que era a prática geralmente aceita.”23
Conclusão
Depois de analisar aquilo que disseram reformadores e confissões de fé, fica bem claro que os adventistas estão dizendo uma meia verdade quando afirmam que “o ensino clássico, histórico e oficial de luteranos, presbiterianos, batistas, metodistas, assembleianos é de que os Dez Mandamentos são a lei moral de Deus”.
Não é o ensino oficial de luteranos. E é de grupos batistas, mas não todos.
Verdade é verdade. Meia verdade é mentira.
Para refletir
- Dos três reformadores citados acima (Lutero, Calvino e Cranmer), qual tem palavras mais duras contra a ideia de que o sábado é uma lei moral?
- E das cinco confissões citadas acima (Augsburgo, Escocesa, Segunda Helvética, Trinta e Nove Artigos e Cânones de Dort), qual é mais clara na rejeição do sábado como obrigação dos cristãos?
- Por que adventistas apresentam essa meia verdade?
NOTAS |
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1. Postagem atualizada em 20 fev. 2021; 08 mar. 2021; 15 mar. 2021; 23 mar. 2021; e 12 jun. 2021. 2. “A half truth masquerading as the whole truth becomes a complete untruth.” Citado em Matt Smethurst, “40 Quotes from J. I. Packer (1926–2020)”, TGC, edição de 17 jul. 2020 (disponível em https://www.thegospelcoalition.org/article/40-quotes-from-j-i-packer/; acesso em 01 fev. 2021). 3. O capítulo 22 da Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 trata “Do culto religioso e do dia de descanso”. O capítulo está dividido em 8 parágrafos. O sétimo parágrafo conclui com as seguintes palavras: “a observância do último [isto é, sétimo] dia da semana foi abolida”! Ou seja, embora essa confissão afirme a validade dos Dez Mandamentos (19.2), faz a ressalva de que a observância do sétimo dia foi abolida por ser cerimonial (19.3; 22.7). 4. Disponível em https://archive.gci.org/articles/from-sunday-to-sabbath-the-puritan-origins-of-modern-seventh-day-sabbatarianism/; acesso em 01 fev. 2021. Para facilitar para quem não lê inglês, clique aqui para ver a tradução no Google Translator. Essa é uma ferramenta imperfeita, mas que permite ter uma ideia do original em inglês. 5. Herman Hanko, “A comparison of the Westminster and the Reformed confessions”, Protestant Reformed Theological Journal (November 1986) vol. 20, nº 1. Disponível em https://www.prca.org/articles/article_8.html; acesso em 09 fev. 2021. Se quiser ler no Google Translate, clique aqui. 6. “Against the Sabbatarians: letter to a good friend” [Contra os sabatistas: carta a um bom amigo]. Tradução para o inglês de Martin H. Bertram. In: Luther’s works, editado por Jaroslav Pelikan; Helmut T. Lehmann (Saint Louis: Concordia; Philadelphia: Fortress, 1971), vol. 47, p. 92-93. 7. Instituição da religião cristã, tradução de Valter Graciano Martins (São José dos Campos: Fiel, 2018), p. 52-53 e 54-55). 8. The Latin works and the correspondence of Huldreich Zwingli : together with selections from his German works, tradução do alemão e do latim para o inglês de Henry Preble, Walter Lichtenstein, Lawrende A. McLouth (New York: G. P. Putnam’s Sons. 1912), p. 81-82 (disponível em https://archive.org/details/latinworkscorres01zwin/mode/2up, acesso em 09 mar. 2021). 9. A short instruction into Christian religion being a catechism set forth by Archbishop Cranmer (Oxford: Oxford University Press, 1829, p. 40). 10. William Tyndale, “An answer to Sir Thomas More’s Dialogue (Cambridge: Cambridge University Press, 1850), p. 107-108 (disponível em https://archive.org/details/tyndalesanswer00tynduoft/mode/2up; acesso em 09 mar. 2021). 11. John Bunyan, “Questions about the nature and perpetuity of the seventh-day Sabbath”. In: The collected works of John Bunyan (s.l.: s.n., s.d.) p. 3742, 3745. 12. Documentos históricos do protestantismo (s.l: s.n., s.d.), p. 81-82. Disponível em https://www.fratrum.com.br/wp-content/uploads/2019/01/documentos-historicos-do-protestantismo.pdf; acesso em 02 fev. 2021. 13. Documentos históricos do protestantismo (s.l: s.n., s.d.), p. 107-108. 14. Documentos históricos do protestantismo (s.l: s.n., s.d.), p. 243. 15. “Articles of religion”. Disponível em http://www.eskimo.com/~lhowell/bcp1662/articles/articles.html; acesso em 02 fev. 2021. 16. Documentos históricos do protestantismo (s.l: s.n., s.d.), p. 266. 17. Três desses livros são: a) “The principles of theology: an introduction to the Thirty-Nine Articles”, de W. H. Griffith Thomas (Eugene: Wipf and Stock, 2005). b) “The Thirty-Nine Articles: their place and use today”, de J. I. Packer e R. T. Beckwith (Londres: Latimer Trust, 2006). c) “The faith we confess: an exposition of the Thirty-Nine Articles”, de Gerald L. Bray (Londres: Latimer Trust, 2009). O título deste último é especialmente sugestivo: “A fé que confessamos: uma exposição dos Trinta e Nove Artigos” 18. “Our beliefs”. Disponível em https://fcofe.org.uk/our-beliefs/; acesso em 09 fev. 2021. 18. “Identidade”. Disponível em https://www.luteranos.com.br/conteudo/identidade; acesso em 09 fev. 2021. 20. “Identidade”. Disponível em https://www.luteranos.com.br/conteudo/identidade; acesso em 09 fev. 2021. 21. Martin Luther [Martinho Lutero], “A treatise against antinomians”. Disponível em https://www.truecovenanter.com/truelutheran/luther_against_the_antinomians.html; acesso em 09 fev. 2021. 22. “About our confessions of faith”, disponível em http://www.firstbaptistparker.org/our-confessions-of-faith.html, acesso em 08 mar. 2021. 23. P. Gerard Damsteegt, “The Sabbath and the most prominent magisterial Reformers”, p. 38 (disponível em https://works.bepress.com/p_gerard_damsteegt/33/, acesso em 15 mar. 2021). |