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Calvino rejeitava a guarda do sábado

Postado em 22 de março de 2021 por Marcio Redondo

Imagem do texto "Calvino rejeitava a guarda do sábado"
“Retrato do jovem João Calvino”. Artista desconhecido1
RESUMO
  • João Calvino, o reformador que mais influenciou os presbiterianos, rejeitava a guarda do sábado.
  • Ellen White reconheceu a grande importância de Calvino na Reforma Protestante.
  • Textos de Calvino em que ele refuta a necessidade de guardar o sábado:
    • Livro Institutas da religião cristã.
    • Livro Comentário sobre Gênesis.
    • LO livro Comentário sobre Gálatas.
    • Livro Comentário sobre Romanos.
    • Livro Sobre a vida cristã.
    • Catecismo de Genebra.
  • Várias confissões de fé de linha calvinista também refutam o sabatismo. Um exemplo são os Cânones de Dort.
  • A conclusão é que Calvino ensinava que o aspecto cerimonial da guarda do sábado foi revogado.
  • Três perguntas para reflexão. A terceira: Qual a base para Calvino dizer que a observância do sábado foi revogada?

Os reformadores rejeitavam a obrigatoriedade da guarda do sábado2

João Calvino, o famoso reformador de Genebra, na Suíça, viveu entre 1509 e 1564, mas é influente ainda hoje. Seus livros, sermões, cartas e outros escritos continuam sendo traduzidos e publicados em muitas línguas, inclusive o português. Esses textos continuam tendo grande peso não apenas na teologia presbiteriana, mas também na teologia da Igreja Evangélica Congregacional e em vários e importantes grupos batistas! Mas o que muitos talvez não sabem é que Calvino rejeitava a guarda do sábado!

Curiosamente, alguns adventistas mais fanáticos acreditam que os reformadores, inclusive Calvino, ensinavam que todos os Dez Mandamentos continuam válidos ainda hoje e que o quarto mandamento é de caráter moral e universal. Mas essa crença não tem nenhuma base.

Esta postagem é, especificamente, sobre Calvino. Outros reformadores também rejeitaram que os cristãos tenham de guardar o sábado. É o que você pode verificar na postagem Uma meia verdade adventista.

Ellen White reconhece a importância de Calvino

No capítulo 12 do livro O grande conflito, a Ellen White trata da Reforma Protestante na França. Nesse capítulo ela dedica várias páginas a João Calvino, falando de sua conversão, descrevendo-o como alguém de grande inteligência e perspicácia3 e relatando seu grande trabalho em Genebra, a cidade suíça onde se estabeleceu.

Para Ellen white não havia dúvida de que Calvino realizou uma grande obra. O que ela provavelmente desconhecia era que Calvino rejeitava a guarda do sábado.

Calvino rejeitava a guarda do sábado

Calvino fala várias vezes sobre a questão do sábado. Seguem algumas passagens:

Livro Instituição da religião cristã

O famoso reformador de Genebra foi um prolífico escritor. Na obra Instituição da religião cristã (também intitulada Institutas da religião cristã), o mais importante livro de sua autoria, lemos:

“CRISTO ABOLIU A LEI JUDAICA DO SÁBADO. Mas não há absolutamente dúvida alguma de que esse preceito fora uma prefiguração, sendo imposto sobre os judeus durante a era das cerimônias, com o fim de lhes representar, sob uma observância externa, o culto espiritual de Deus. Portanto, com a vinda de Cristo, que é a luz das sombras e a realidade das figuras, esse preceito foi abolido, como as sombras permanentes da lei mosaica, como Paulo testifica com toda a clareza (Gálatas 4.8–11; Colossenses  2.16–17). … Assim, vão dissipar-se as falácias dos sofistas, os quais infectaram o mundo com a noção judaica, a saber: que a parte cerimonial desse mandamento foi abolida (em sua fraseologia, chamam-no “a designação” do sétimo dia); mas que a parte moral permanece, a saber, a observância de um dia semanal.”4

Mais tarde, Calvino publicou uma edição ampliada das Institutas. Mas não mudou sua posição sobre o sábado:

“Não pode haver dúvida alguma de que, com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, a parte cerimonial do [quarto mandamento] foi abolida. … tendo o sábado sido cancelado, ainda há entre nós espaço, primeiro, para nos reunir em determinados dias para ouvir a Palavra, partir o pão místico e orar em grupo, e, segundo, para dar a nossos empregados e trabalhadores descanso de seu trabalho. Não se pode negar que o Senhor cuidou desses dois aspectos no mandamento do sábado… Observamos [o domingo] sem judaísmo, porque nessa questão divergimos bastante dos judeus. Não celebramos o dia com minuciosíssima formalidade, como uma cerimônia que imaginamos que tipifique um mistério espiritual, mas o adotamos como um remédio necessário para preservar a ordem na igreja. Paulo nos instrui que os cristãos não devem ser julgados quanto à observância desse dia, porque é sombra de algo vindouro (Colossenses 2.16), e, nesse sentido, expressa receio de que seu trabalho entre os gálatas se revelasse em vão, porque eles ainda observavam dias (Gálatas 4.10,11). E diz aos romanos que é supersticioso fazer distinção entre um dia e outro (Romanos 14.5). [A guarda do sábado] obscurece a glória de Cristo e a luz do evangelho.” 5

Livro Comentário sobre Gênesis

Calvino também preparou um comentário sobre o livro de Gênesis. Ao tratar de Gênesis 2.3, ele escreve:

“Depois, na Lei, foi dado um novo preceito sobre o ‘Sabbath’ [dia de descanso], que deveria ser peculiar aos judeus e apenas por uma época, pois era uma cerimônia legal que era sombra de um descanso espiritual, cuja verdade se manifestou em Cristo. Portanto, o Senhor dá testemunho mais frequentemente de que, com o Sabbath, ele havia dado um símbolo de santificação para o seu antigo povo. Portanto, quando ouvimos que o Sabbath foi revogado pela vinda de Cristo, temos de distinguir entre, de um lado, aquilo que pertence ao governo perpétuo da vida humana e, de outro, aquilo que propriamente pertence às figuras antigas, cujo uso foi abolido quando a verdade se cumpriu. O descanso espiritual é a mortificação da carne, para que os filhos de Deus não vivam mais para si mesmos nem se entreguem à sua própria inclinação. Digo que, na medida em que era uma figura desse descanso, o Sabbath foi apenas para uma época. Mas, na medida em que, desde o início, foi ordenado aos homens para que se dedicassem no culto a Deus, é justo que continue até ao fim do mundo.”6

Para Calvino a guarda do sábado é um preceito novo e específico para os judeus e válido apenas por uma época! O sábado prefigurava o descanso em Cristo.

Concluindo, não resta dúvida de que, para Calvino, a guarda do sétimo dia não tem caráter moral e universal. Para Calvino o descanso é mandamento divino, mas o sétimo dia é cerimonial.

Livro Comentário sobre Gálatas

No seu comentário sobre Gálatas 4.10 (“Guardais dias, e meses, e tempos, e anos”), Calvino não deixa dúvida sobre o que pensava sobre a guarda do sábado.

“Quando certos dias são apresentados como santos em si mesmos, quando, por motivo religioso, se distingue um dia de outro, quando dias santos são considerados parte do culto a Deus, então esses dias são observados impropriamente. Os falsos profetas [mencionados em Gálatas] insistiram bastante na guarda do sábado, das luas novas e de outras festas dos judeus, pois esses dias haviam sido designados pela lei. … A observância de dias entre nós é opcional e não é objeto de nenhuma superstição.”7

Livro Comentário sobre Romanos

Outra obra em que Calvino trata do tema é o Comentário sobre Romanos. Ao falar de 7.1-4, diz o seguinte:

“Embora [Paulo] tivesse, de forma sucinta, explicado suficientemente a questão da revogação da lei, ainda assim — pois essa era uma questão difícil e que poderia ter dado origem a muitas outras questões — agora ele mostra de modo mais amplo como a lei, no que diz respeito a nós, foi revogada…

“Temos de nos lembrar que aqui Paulo se refere apenas àquela função da lei que era peculiar à dispensação de Moisés, pois, até o ponto em que Deus ensinou nos dez mandamentos aquilo que é justo e correto e deu diretrizes para a direção de nossa vida, não se deve imaginar nenhuma revogação da lei… Essa não é uma liberação de praticarmos a justiça ensinada na lei, mas de suas rígidas exigências e da maldição que disso se segue. Então, a lei como norma de vida não é revogada, senão aquilo que faz parte da lei e se opõe à liberdade alcançada por meio de Cristo, a saber, a lei em sua exigência de perfeição absoluta.“8

Em outras palavras, para Calvino uma parte da lei é, sim, revogada. E fica claro em outros textos que ele entendia que a guarda do sábado foi revogada!

Livro Sobre a vida cristã

Um dos livros de Calvino tem o título Sobre a vida cristã. O título deixa óbvio o assunto da obra: o viver cristão. Apesar de ser um livro sobre a vida cristã, ele não fala absolutamente nada do sábado e menciona os Dez Mandamentos apenas de relance e uma única vez. Não resta dúvida que é uma omissão significativa. Aqui o argumento do silêncio é forte.9

Catecismo de Genebra

As perguntas 166-184 do Catecismo de Genebra, outro texto da autoria de Calvino, também tratam do assunto. São especialmente pertinentes as perguntas de número 168, 169 e 181:

“Pergunta 168: ‘Acaso [Deus] nos proíbe de qualquer trabalho naquele dia [isto é, no dia de sábado]?’

“Resposta: ‘Esse mandamento tem um motivo diferente e peculiar. No que diz respeito à observância do descanso, ele fazia parte da lei cerimonial. Foi revogado por ocasião da vinda de Cristo.

“Pergunta 169: ‘Quer dizer que esse mandamento dizia respeito apenas aos judeus e era, portanto, apenas temporário?’

“Resposta: ‘Sim, era temporário na medida em que era cerimonial.’

“Pergunta 181: ‘Agora mostre-nos até que ponto esse mandamento diz respeito a nós.’

“Resposta: ‘Quanto à parte cerimonial, [o quarto mandamento] foi abolido quando sua essência se manifestou em Cristo.'”10

Não resta dúvida: de acordo com Calvino, havia, sim, um aspecto cerimonial nos Dez Mandamentos, especificamente a guarda do sábado. Em outras palavras, não era esse detalhe não era de natureza moral e se aplicava apenas aos judeus.

Cânones de Dort (1619)

Ainda que não tenham sido escritas pelo reformador genebrino, várias confissões de fé sofreram forte influência do pensamento de João Calvino. Quero exemplificar com os Cânones de Dort. Esse documento elaborado por cristãos calvinistas holandeses afirma que

“os Dez Mandamentos foram dados por Deus, por intermédio de Moisés, especificamente aos judeus“.11

Há um detalhe importantíssimo aqui: de acordo com os Cânones de Dort, todos os Dez Mandamentos foram dados especificamente aos judeus!

A postagem Uma meia verdade adventista apresenta várias outras confissões de fé calvinistas e também denominações calvinistas que entendem que o dia de descanso foi revogado.

Conclusão

Qualquer um pode afirmar que Calvino defendia a permanência dos Dez Mandamentos e o caráter moral e a validade universal do quarto mandamento. Mas é impossível provar.

Afinal, vários de seus textos não deixam nenhuma dúvida: para Calvino o aspecto cerimonial da observância do sábado foi, sim, revogado!

Para refletir

  1. Por que alguns adventistas insistem em dizer que todos os reformadores, inclusive Calvino, ensinavam que todos os Dez Mandamentos continuam válidos ainda hoje e que o quarto mandamento é de caráter moral e universal?
  2. De acordo com Calvino, qual parte do quarto mandamento foi revogada?
  3. Qual a base para Calvino dizer que a observância do sábado foi revogada?
NOTAS
1. Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/File:John_Calvin_-_Young.jpg, acesso em 21 abr. 2021.

2. Postagem atualizada em 24 mar. 2021 e 23 abr. 2021

3. A Ellen usa a expressão “a powerful and penetrating mind” (The great controversy, p. 219). A tradução em português publicada pela Casa Publicadora Brasileira está mal feita, pois diz “espírito robusto e penetrante” (O grande conflito, p. 219).

4. João Calvino, Instituição da religião cristã, tradução de Valter Graciano Martins (São José dos Campos: Fiel, 2018), p. 52-53 e 54-55). Essa tradução se baseia na primeira edição, publicada em 1536, do livro de Calvino.

5. John Calvin [João Calvino], Institutes of the Christian religion (s.l.: Figbooks, 2012), livro 2, capítulo 8, seções 31, 32 e 33. O texto das seções 28 a 34 está disponível em português em http://www.e-cristianismo.com.br/historia-do-cristianismo/joao-calvino/calvino-e-o-quarto-mandamento.html, acesso em 23 abr. 2021.

6. John Calvin [João Calvino], Genesis, série Ultimate Bible Commentaries (s.l.: s.n., s.d.), p. 464.

7. John Calvin [João Calvino], Commentary on Galatians and Ephesians (Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, s.d.), p. 99-100 (disponível em https://ccel.org/ccel/calvin/calcom41; acesso em 23 mar. 2021).

8. John Calvin [João Calvino], Commentary on Romans (Grand Rapids: Christian Classics Ethereal Library, s.d.), p. 211, 213 (disponível em https://ccel.org/ccel/calvin/calcom38; acesso em 23 mar. 2021).

9. John Calvin [João Calvino], On the Christian life (Louisville: GLH Publishing, 2017).

10. John Calvin [João Calvino] The catechism of the Church of Geneva (Hartford: Sheldon & Goodwin, 1815), p. 49, 52 (disponível em https://ia902707.us.archive.org/25/items/catechismofchurc00calv/catechismofchurc00calv.pdf; acesso em 23 mar. 2021).

11. “Cânones de Dort”, capítulos 3 e 4, artigo 5. In: Documentos históricos do protestantismo (s.l: s.n., s.d.), p. 266.
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Categoria da postagem: sábado Etiquetas: Reforma Protestante, Calvino, sábado

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