RESUMO |
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A amalgamação racista de Ellen White1
“Amalgamação” é uma palavra que possivelmente você nunca ouviu antes. Pois nosso assunto de hoje é amalgamação, a amalgamação racista de Ellen White.
A palavra pode pode até ser bonitinha, mas aponta para uma das mais absurdas afirmações da Ellen e, com certeza, a mais racista: negros são resultado de cruzamento de brancos com animais!
“O crime sórdido de amalgamação”
São duas as vezes em que a Ellen fala de amalgamação de seres humanos e animais. E o contexto não é nada positivo:
Mas, se houve um pecado específico que, mais do que qualquer outro, clamou pela destruição da raça por meio do dilúvio, foi o crime sórdido de amalgamação de homem e animal que distorceu a imagem de Deus e provocou confusão por toda parte.2
Cada espécie de animal criado por Deus foi preservada na arca. As espécies misturadas que Deus não criou, que foram resultado de amalgamação, foram destruídas pelo dilúvio. Desde o dilúvio tem havido amalgamação de homem e animal, que pode ser vista nas variedades quase intermináveis de espécies de animais e em certas raças de homens.3
A “amalgamação” no pensamento da Ellen
As palavras acima permitem concluir que, para a Ellen:
- a amalgamação é um pecado tão sórdido que foi o motivo do dilúvio (“crime sórdido” que “clamou pela destruição da raça por meio do dilúvio”.)
- a amalgamação distorce a imagem de Deus (“A amalgamação … distorceu a imagem de Deus”. Aqui precisamos lembrar que o ser humano é, de todos os seres criados, o único que, de acordo com Gênesis 1.26, leva a imagem de Deus. Então a Ellen está falando de algo que compromete a condição do homem de ser imagem de Deus.)
- a amalgamação cria confusão geral. (“Provocou confusão por toda parte”.)
- a amalgamação gera espécies misturadas. (“As espécies misturadas que Deus não criou … foram resultado de amalgamação”.)
- a amalgamação de homem e animal dá origem a certas raças humanas. (“A amalgamação de homem e animal … pode ser vista … em certas raças de homens”.)
Em resumo, a amalgamação é um pecado terrível, afeta o ser humano, gera novas espécies e é resultado de seres humanos terem relações com animais, dando origem a “certas raças de homens”.
Qual é o sentido da palavra “amalgamação”?
Como a Ellen White escreveu em inglês, então, para entender o que ela disse, precisamos descobrir o sentido “amalgamation”, a palavra que ela usou.
O Oxford English dictionary [Dicionário Oxford de inglês], considerado o mais completo dicionário da língua inglesa, apresenta as seguintes definições de “amalgamation”:
- O amolecimento de metais, etc. mediante mistura com mercúrio; o ato ou processo de combinar com mercúrio; e, por derivação, a combinação estreita de dois metais para formar uma liga.
- (sentido figurado) A ação de combinar elementos, raças, grupos distintos, para formar um todo único e uniforme.
- O estado ou condição daquilo que está combinado com mercúrio; e, por derivação, uma mistura ou união de metais em geral.
- (sentido figurado) Uma união homogênea daquilo que anteriormente eram elementos, sociedades distintos, etc.4
O que Ellen White entendia por “amalgamação”
Está claro que a Ellen não está usando a palavra em nenhum dos sentidos técnicos mencionados acima. Então temos de analisar os dois sentidos figurados: o sentido 2, que mostra a ação; e o sentido 4, que fala do resultado.
A esta altura é bom dar uma nova olhada no Oxford English dictionary. É que, além de apresentar definições, ele também oferece exemplos. O exemplo que nos interessa é o de um jornal americano de 1837 que usa “amalgamação” para se referir à união ilegítima de um negro com uma branca, isto é, a união era ilegítima porque o casal estava mantendo relações sexuais.
Então, relendo as palavras da Ellen com atenção, percebe-se que, quando ela fala de “amalgamação de homem e animal”, o sentido mais natural é que homens e animais tiveram relações sexuais e, com isso, deram origem a “certas raças de homens”.
Alegações adventistas
A alegação oficial: “mistura de raças”
Essa ideia da Ellen White é tremendamente constrangedora para os adventistas. Então, como seria de esperar, eles procuram dar uma justificativa. A posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia está no livreto Amalgamation [Amalgamação]. Ali o autor, Francis D. Nichol, afirma:
Em meados do século 19 era comum a palavra ser usada para indicar o casamento de brancos com negros. O sentido, há muito tempo confirmado, de que a palavra-chave “amalgamação” é a mistura de raças deve pesar bastante na hora de decidir a interpretação das passagens em questão.5
“Homem com homem e animal com animal”?
Nessa mesma linha de pensamento, um adventista me escreveu, dizendo que, quando a Ellen falou de “amalgamação de homem e animal”, ela não queria dizer amalgamação de homem com animal, mas de homens (com homens) e de animais (com animais).
Só que isso não funciona na língua inglesa. Em inglês, quando alguém fala de “amalgamação de uma coisa e outra” (por exemplo, “amalgamation of white and black”), está se referindo à junção dessas duas coisas.
Acontece a mesma coisa quando dizemos, na nossa língua, “no Brasil tem casamento de negro e branco”. Ninguém vai entender que aqui tem casamento de negro com negra e de branco com branca, mas, é muito claro, de alguém da raça negra com alguém da raça branca.
O argumento não fica em pé. Impossível ser mistura de raças.
“Mistura de raças” ou “crime sórdido”?
Dizer que “amalgamação” era mistura de raças é uma explicação esfarrapada mas, ainda assim, bastante racista.
Afinal, a Ellen declarou que a amalgamação é “um crime sórdido” que “clamou pela destruição da raça por meio do dilúvio”! Em outras palavras, se o Francis Nichol está certo, o casamento de brancos com negros foi tão terrível aos olhos de Deus que ele enviou o dilúvio para destruir a terra.
É ridícula essa interpretação.
“Negros não têm alma”
Mas o que exatamente a Ellen quis dizer? Para responder à pergunta, temos de analisar ideias que circulavam nos Estados Unidos no período em que ela viveu. Embora nem todos pensassem assim, havia quem defendesse que os negros não têm alma. Em outras palavras, que são animais, mesmo que parecidos com os seres humanos.
Naquela época foram publicados livros defendendo que os negros não eram seres humanos. É o caso das seguintes obras:
- The negro: What is his ethnological status? … Has he a soul? Or is he a beast in God’s nomenclature? [O preto: qual a sua condição etnológica? … Ele tem alma? Ou é um animal na classificação divina?], de Buckner Payne. 6
- “The Negro a Beast” … or … “In the image of God” [“O preto, um animal” … ou … “À imagem de Deus”], de autoria de Charles Carroll. Na página de rosto aparecem, abaixo do título, as seguintes palavras, que resumem a mensagem central do livro: “O preto, um animal, mas criado com capacidade de falar e com mãos, para que sirva a seu mestre, o homem branco”. 7
É lamentável, mas havia gente que acreditava piamente nisso: quero que você guarde essa informação. Ela será importante mais abaixo.
Uriah Smith acorre em defesa da Ellen White
Francis Nichol não foi o primeiro adventista a tentar explicar o sentido das palavras da Ellen White. Uriah Smith, que por muitos anos trabalhou como editor da Review and Herald, a principal publicação dos adventistas, foi o primeiro a sair em defesa da “profetisa”. Aqui eu cito um longo trecho da excelente análise que Dirk Anderson,8 um líder adventista por muitos anos, fez desse abominável ensino da Ellen White:
A afirmação da Ellen White provocou controvérsia imediata e recebeu críticas ferozes quando foi publicada em 1864. Alguns admitiram que a afirmação era racista, enquanto outros zombaram da ideia de que certas raças eram amalgamação de homem e animal. Isso obrigou os líderes da igreja a se empenharem para diminuir os estragos e restaurar a imagem de sua profeta. Ellen White disse que o resultado da amalgamação podia ser visto “em certas raças de homens”. As pessoas estavam perguntando: “Que raça é produto da amalgamação entre homem e animal?”.
Anteriormente James White havia dito ao ancião Ingraham que Ellen estava se referindo à raça negroide. Mas essa explicação, embora verdadeira, iria provocar grandes problemas para uma igreja que estava começando a se tornar mais racialmente tolerante. Assim, o líder adventista Uriah Smith9 foi incumbido de elaborar uma explicação que iria pôr fim à agitação. Em 1866, dois anos depois das declarações sobre amalgamação terem sido publicadas pela primeira vez, Smith publicou uma defesa de Ellen White, na qual se esforçou para dar sentido a algumas das declarações mais extravagantes da Ellen White. Numa série de artigos que aparecem na revista Adventist Review aparece a primeira explicação oficial dada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia acerca da amalgamação. Smith chegou à conclusão de que a união de homem com animal havia criado “casos como os bosquímanos selvagens da África, algumas tribos dos hotentotes e talvez os índios dígueres de nosso próprio país, etc”.10
Para garantir ao rebanho da Igreja Adventista do Sétimo Dia que as explicações de Smith tinham a aprovação dos líderes da igreja, a Conferência Geral examinou o manuscrito de Uriah Smith, antes de publicá-lo na revista Adventist Review, e deu “aprovação total” às explicações dele.11 Dois anos depois, Smith reimprimiu os artigos num livro. James White examinou “cuidadosamente” o livro de Smith antes da sua publicação e, em seguida, o recomendou com todo entusiasmo aos leitores da revista oficial da igreja, a Review and Herald:
“A Associação acaba de publicar um panfleto intitulado ‘The visions of Mrs. E.G. White, a manifestation of spiritual gifts according to the Scriptures’ [As Visões da Sra. E. G. White, uma manifestação de dons espirituais segundo as Escrituras]. Foi escrito pelo editor desta revista. Enquanto eu lia cuidadosamente o manuscrito, senti-me grato a Deus pelo fato de nosso povo poder ter em mãos esta hábil defesa daquelas ideias que tanto amam e premiam, mas que outros desprezam e rejeitam”.12
Conforme já foi dito, o marido da profeta leu cuidadosamente o livro de Smith. É inconcebível que James [Tiago] White não tenha reparado nas declarações sobre os negros bosquímanos da África. A sua aprovação do livro indica sua aprovação tácita da nova explicação. Aliás, porque supostamente confirmava as afirmações da Sra. White, James e Ellen levaram consigo 2.000 exemplares do livro de Smith para venderem nas reuniões de acampamento naquele ano!13 Ao promoverem e venderem o livro de Smith, o casal White deu o seu selo oficial de aprovação para a explicação de Uriah Smith sobre a amalgamação.
…
Como é lamentável que o profeta e os líderes da IASD não tenham percebido que os próprios “bosquímanos” a quem eles chamaram de meio homem e meio animal, carregam os marcadores genéticos que indicam que são os antepassados de toda a raça humana e que são geneticamente tão humanos como os brancos! Como poderia a sua profeta inspirado estar tão terrivelmente errada?
Uma avaliação
Vamos recapitular as principais informações:
- Ellen White disse que “certas raças de homens” foram resultado de “amalgamação” com animais.
- Em sua época havia defensores da ideia de que os negros não eram seres humanos.
- Saindo em defesa da Ellen, Uriah Smith escreveu em um livro que aquelas “certas raças de homens” eram grupos tais como os bosquímanos, os hutentotes e os dígueres (os dois primeiros grupos são negros da África; o último é uma tribo de indígenas nos Estados Unidos).
- A defesa de Smith está de acordo com a ideia existente naquela época de que negros não têm alma. No caso específico, não seriam todos os negros que não têm alma, mas apenas os de algumas tribos.
- O livro de Smith foi oficialmente aprovado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. E James White o examinou cuidadosamente.
- Em suas viagens, o casal Ellen e James White levou, para vender, 2.000 cópias do livro de Smith.
- Em outras palavras, a explicação de Uriah Smith foi aprovada pela própria Ellen White.
Pouco interessa a interpretação oficial apresentada hoje em dia pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. A aprovação do livro de Uriah Smith pelo casal White deixa claro que encontramos ali o que a Ellen de fato pensava a respeito.
Não resta dúvida de que a “amalgamação” de Ellen White era racista, profundamente racista.
Para refletir
- Qual a possibilidade de seres humanos cruzarem com animais e daí surgirem novas raças de homens?
- Por que a Ellen White teria surgido com essa ideia de “amalgamação”?
- Como você avalia a explicação oficial dada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia?
- Por que deve-se dar preferência à primeira explicação, aquela apresentada por Uriah Smith?
NOTAS |
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1. Esta postagem se baseou em “Amalgamation: a denominational embarrassment”, de Dirk Anderson. Disponível em https://www.nonsda.org/egw/critica.shtml; acesso em 10 jun. 2020. 2. Original: “But if there was one sin above another which called for the destruction of the race by the flood, it was the base crime of amalgamation of man and beast which defaced the image of God, and caused confusion everywhere.” (Spiritual gifts, vol. 3, p. 75) 3. Original: “Every species of animal which God had created were preserved in the ark. The confused species which God did not create, which were the result of amalgamation, were destroyed by the flood. Since the flood there has been amalgamation of man and beast, as may be seen in the almost endless varieties of species of animals, and in certain races of men.” (Spiritual gifts, vol. 3, p. 75) 4. Oxford English dictionary, 2ª edição (1989) com acréscimos (1997), formato eletrônico. 5. Francis D. Nichols, Amalgamation (Berrien Springs: Ellen G. White Estate, s.d.), p. vii. Esse texto foi publicado originalmente como um dos capítulos do livro Ellen G. White and her critics, de autoria do próprio Francis Nichol (Review and Herald Publishing Association; 1951), p. 306-322, e está traduzido para o português com o título “Amalgamação: declarações de Ellen G. White em relação às condições por ocasião do dilúvio” (disponível em http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/amalgamacao/; acesso em 17 jun. 2020). O problema com essa tradução é que está mal feita, pois, entre outras coisas, traduz incorretamente as palavras da Ellen White “amalgamation of man and beast” por “amalgamação de homens e animais”, quando o correto é “amalgamação de homem e animal”. Esse pequeno detalhe tem enorme importância no sentido. 6. O título é bem mais longo: The negro: What is his ethnological status? Is he the progeny of Ham? Is he a descendant of Adam and Eve? Has he a soul? Or is he a beast in God’s nomenclature? What is his status as fixed by God in creation? What is his relation to the white race? [O preto: qual a sua condição etnológica? Ele provém de Cam? É descendente de Adão e Eva? Ele tem alma? Ou é um animal na classificação divina? Qual é sua condição conforme estabelecida por Deus na criação? Qual é sua relação com a raça branca?]. Buckner Payne não teve coragem de assinar sua obra e a publicou em 1867 sob o pseudônimo de “Ariel” . Uma explicação sobre a tradução do título para o português: em inglês “black” (preto) é como os negros preferem ser chamados, e “negro” é a forma ofensiva de se referir a eles; a tradução levou em conta esse detalhe. 7. Saint Louis: American Book and Bible House, 1900. (Disponível em https://archive.org/details/thenegrobeastori00carrrich/page/n3/mode/2up; acesso em 10 jun. 2020) 8. “Amalgamation: a denominational embarrassment”, de Dirk Anderson. As cinco notas de rodapé abaixo são do texto original de Dirkson. 9. Em 1868 Uriah Smith ainda acreditava em Ellen White como profeta. Em 1883 ele já não tinha o mesmo grau de convicção: “Parece-me que, na prática, os testemunhos passaram a ser vistos desse jeito de modo que é inútil tentar defender as afirmações erradas que agora são apresentadas ao povo” (carta de Uriah Smith a D. M. Canright, 22 mar. 1883). 10. Uriah Smith, Advent Review and Sabbath Herald, edição de 31 jul. 1866. Uma afirmação parecida é encontrada nas p. 103-104 do livro que Smith posteriormente publicou com o título The visions of Mrs. E. G. White, a manifestation of spiritual gifts according to the Scripture [As visões da sra. E. G White, uma manifestação de dons espirituais segundo a Escritura] (Battle Creek: Steam Press, 1868). OBSERVAÇÃO: Esse livro não está hoje disponível em nenhuma livraria adventista do sétimo dia. Segue uma citação completa das páginas 103-104: “‘Desde o dilúvio tem havido amalgamação de homem e animal, a qual pode ser vista nas variedades quase intermináveis de espécies de animais e em certas raças de homens.’ Essa ideia [de Ellen White] foi apresentada com o propósito de ilustrar a profunda corrupção e crime em que a raça caiu mesmo poucos anos depois do dilúvio, que foi aquele sinal da manifestação da ira de Deus contra a impiedade humana. Houve amalgamação, e seus efeitos ainda são visíveis em certas raças de homens. Repare que a visão chama de ‘homens’ aqueles que não se incluem entre aqueles animais nos quais a amalgamação é visível. Ora, sempre supusemos que qualquer pessoa que fosse chamada de homem era considerada um ser humano. A visão se refere a todas essas classes como raças de homens; mas, diante dessa clara declaração, eles afirmam tolamente que as visões ensinam que alguns homens não são seres humanos! Mas será que alguém nega a afirmação geral contida nas breves palavras citadas acima? Ninguém nega. Se negasse, poderia ser facilmente calado com uma referência a casos como os bosquímanos selvagens da África, algumas tribos dos hotentotes e talvez os índios dígueres do nosso próprio país, etc. Além disso, os naturalistas afirmam que a linha de diferenciação entre as raças humana e animal se perde em confusão. É impossível, conforme eles afirmam, dizer exatamente onde termina o humano e começa o animal. Será que podemos supor que isso foi determinado assim por Deus no princípio? Será que o pecado não obscureceu as fronteiras entre esses dois reinos?” 11. O manuscrito de Smith foi, antes de sua publicação, examinado tanto pela Conferência de Michigan quanto pela Conferência Geral, as quais publicaram a seguinte declaração na edição de 12 de junho de 1886 da revista Advent Review and Sabbath Herald: “Depois de ouvirmos a leitura de um trecho do manuscrito que o irmão U. Smith preparou em resposta a certas objeções recentemente levantadas contra as visões da irmã White, nós, os membros da Conferência Geral e da Conferência Estadual de Michigan, votamos expressar aqui nossa total aprovação do manuscrito. Também votamos apresentar ao irmão Smith nossa gratidão por sua hábil defesa das visões contra os ataques de seus adversários.” 12. Advent Review and Sabbath Herald, 12 jun. 1866. 13. James White, Advent Review and Sabbath Herald, 15 ago. 1868. |