RESUMO |
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Religião1
A religião cansa, o evangelho traz descanso.2 E que descanso!!!
Para entendermos isso, precisamos examinar, primeiro, a religião e, em seguida, o evangelho.
Religião versus evangelho
Religião versus evangelho? Como assim? A religião é inimiga do evangelho? O evangelho rejeita a religião?
Exato! E, para provar, vou começar citando o apóstolo Tiago:
“A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.” (Tiago 1.27)3
Repare que Tiago aceita a ideia de “religião”, mas usa a palavra com sentido totalmente diferente daquele a que você e eu estamos acostumados. Se Tiago emprega os adjetivos “pura e verdadeira” para se referir à religião, então fica óbvio que existe também a religião que é suja e falsa.
De acordo com Tiago, a “religião pura e verdadeira”, a religião que não foi distorcida pelos homens, exige apenas “ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições” e “não se manchar com as coisas más deste mundo”. Em outras palavras, a religião verdadeira se limita a duas coisas: 1) fazer o bem a quem tem necessidade e 2) não se deixar influenciar pelo que existe de mau neste mundo.
Mas pouca gente entende a religião dessa maneira.
Definindo religião
Para a maioria das pessoas, religião são todos aqueles rituais e práticas e regras e mandamentos e um monte de outras coisas que foram criados pelas igrejas e outros grupos religiosos e também por nós mesmos. E o objetivo de tudo isso é sermos aceitos por Deus.
São normas de todo tipo, variando de igreja para igreja e de religião para religião. Mas não passam de regras humanas. No fundo são obrigações e proibições.
Exemplos de obrigações e proibições religiosas
Essas obrigações e proibições estão todas relacionadas a coisas exteriores. Vou dar exemplos encontrados em vários grupos religiosos. Alguns desses grupos são mais rígidos; outros menos; mas a tendência é sempre criarem obrigações e proibições:
- aparência:
- eu, que sou homem, tenho dever de usar terno ou pelo menos camisa social nas reuniões religiosas
- não posso sair de camiseta regata na rua
- não posso usar barba, muito menos cabelo comprido
- minha mulher não pode usar calça comprida; shortinho, nem pensar
- a barra da saia ou vestido pode de estar no máximo 5 cm acima do joelho
- nas reuniões religiosas minha mulher tem de usar vestido ou saia e blusa
- não pode usar biquíni na praia ou na piscina
- não pode usar cabelo curto, nem maquiagem, nem joias/bijuterias
- alimentação:
- não devo comer carne de porco ou mesmo carne de vaca
- não devo tomar café e, muito menos, cerveja ou vinho
- nas sextas-feiras só posso comer peixe
- diversões:
- não posso ir a campo de futebol, nem a cinema, nem a teatro, nem a circo
- na TV só posso assistir a noticiários e documentários
- não devo ler romances
- não posso jogar baralho com os amigos
- dias sagrados:
- minha obrigação é guardar o sábado/domingo
- nesses dias tenho de ir à reunião religiosa
- nesses dias não posso cozinhar nem trabalhar nem mesmo sair para passear
- líderes religiosos:
- a maneira certa de me referir ao líder é padre/pastor/bispo/apóstolo
- tenho o dever de tratá-lo de “senhor”
- a roupa certa dele usar é batina/terno
- só ele pode batizar, dirigir a reunião religiosa, pregar, ministrar eucaristia/ceia
- tenho de obedecer cegamente às instruções e orientações dele
- tempo & dinheiro:
- tenho de dar o dízimo do meu salário e também do lucro com a venda do meu carro ou casa
- tenho de dedicar algumas horas por semana para meu grupo religioso
- práticas religiosas:
- quando falo com Deus, tenho de usar o pronome “tu/vós”
- só posso orar ou rezar de joelhos ou, quem sabe, de pé; não posso fazer deitado na cama
- tenho obrigação de ler um capítulo da Bíblia por dia
- preciso ler e estudar semanalmente a literatura entregue pelo grupo religioso
- devo jejuar uma vez por mês
- reuniões religiosas:
- tenho obrigação de participar de culto/missa/encontro no mínimo uma vez por semana
- as reuniões religiosas têm de ser no templo
- outras coisas:
- preciso fazer o sinal da cruz toda vez que sair para trabalhar
- tenho de usar crucifixo para me proteger
- tenho de comprar óleo ungido para proteger minha casa e deixar a Bíblia aberta no salmo 91 no painel do carro para protegê-lo
- etc., etc., etc.
Não tenho dúvida de que você consegue pensar em ainda outras obrigações e proibições.
Religião cansa
Pense de novo na lista acima.
São obrigações: “Você tem de fazer isto e mais isso”. E são proibições: “Não pode aquilo nem aquilo outro”. Em alguns sistemas religiosos a lista costuma ser bem longa.
No começo, isto é, quando a pessoa passa a se interessar pelo sistema religioso, até que é tudo muito bonito. Mas depois de algum tempo se torna cansativo. Pois a verdade é que essas obrigações são um peso. No final, você se sente exausto.
Religião cansa!
É insuportável
A religião vai cansando e, com o tempo, se torna insuportável.
O livro de Atos dos Apóstolos conta uma história interessante, acontecida uns 20 anos depois da morte e ressurreição de Jesus. A história está lá no capítulo 15.
Os primeiros cristãos eram todos judeus. Antes de se tornarem discípulos de Jesus, seguiam as regras e costumes da religião judaica, isto é, da Lei de Moisés. Mas haviam passado a seguir Jesus, o Messias prometido no Velho Testamento. Àquela altura, mesmo 20 anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os seguidores de Jesus ainda eram considerados apenas um dentre os diversos grupos existentes no judaísmo.
Acontece que vários gentios, isto é, pessoas que não eram judias, vinham se convertendo ao cristianismo, mas não seguiam as regras e os costumes judaicos.
Isso começou a incomodar alguns judeus. Para esses judeus era impossível alguém seguir os ensinos do rabino Jesus e não obedecer aos costumes de Moisés. Na cabeça deles não havia salvação sem obedecer a Moisés.
Esses judeus mais apegados à lei de Moisés começaram a colocar medo nos cristãos não judeus:
“A menos que sejam circuncidados, conforme exige a lei de Moisés, vocês não poderão ser salvos.” (Atos 15.1).
Além disso, passaram também a pressionar a liderança da igreja para que impusesse os costumes judaicos aos cristãos gentios. Veja aquilo que falaram aos principais líderes cristãos a respeito dos gentios:
“É necessário que os convertidos gentios sejam circuncidados e guardem a lei de Moisés.” (Atos 15.5).
O apóstolo Pedro, um dos líderes da igreja, rebateu, fazendo, inclusive, uma pergunta que deixou sem resposta aqueles judeus:
“Por que agora vocês provocam a Deus, sobrecarregando os discípulos gentios com um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?” (Atos 15.10)
Em outras palavras, o que Pedro estava dizendo é:
“Nem nossos antepassados nem ninguém aqui consegue suportar esse peso que vocês, judeus que defendem a Lei de Moisés, estão querendo colocar sobre os cristãos gentios. Aliás, vocês estão pondo Deus à prova quando agem assim!”
O que aqueles judeus queriam? Que os gentios fossem circuncidados e observassem a lei de Moisés (Atos 15.5). Qual foi a resposta de Pedro? Que aquele era um peso insuportável.
Com o tempo a religião se torna insuportável.
A religião dá uma falsa segurança
Não bastasse a religião cansar e se tornar insuportável, tem algo pior: ela dá uma falsa segurança! Esse é um processo psicológico que precisamos entender. Funciona assim:
Para as pessoas em geral, a religião parece — pelo menos no começo — ser um bom caminho. Elas têm a impressão de que a religião está ajudando-as a ser pessoas melhores.
E pensam consigo mesmas: “Estou na religião/igreja verdadeira”, ou, então, “Estou fazendo o que é certo”, ou, ainda, “Pelo menos estou me esforçando”.
Veja a lista lá em cima. As pessoas seguem aquele tipo de regra, acham que estão agradando a Deus com isso e se sentem bem. É quando adquirem aquela sensação de segurança.
Só que aquelas são regras criadas pelos homens, não por Deus. É claro que os diversos sistemas religiosos vão usar até mesmo a Bíblia para tentar justificar suas respectivas regras. Mas é impossível agradar a Deus seguindo regras inventadas por sistemas religiosos ou por nós mesmos. Por isso, a sensação de segurança é falsa.
A verdadeira religião
A única regra que é preciso obedecer é amar a Deus e ao próximo. A vida que agrada a Deus é aquela que obedece ao mandamento dado por Jesus:
“Por isso, agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. … Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos.” (João 13.34; 15.12-13).
Jesus não somente nos deixou o mandamento de amarmos uns aos outros, como também explicou que, se preciso for, esse amor dá até mesmo a vida pelo próximo. O mandamento de Jesus é que amemos de modo sacrificial. É um padrão altíssimo.
O apóstolo Paulo captou bem a ideia quando escreveu sobre a família. Nessa ocasião ele aplicou o mandamento de Jesus à maneira que o marido deve tratar a mulher:
“Maridos, amem cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela.” (Efésios 5.25).
O padrão, o modelo, o exemplo é Jesus Cristo. É para amarmos como Cristo nos amou. E como ele nos amou? Sacrificando-se por nós.
O mandamento, o padrão, que Jesus estabeleceu é o amor sacrificial. E a verdade é que eu não consigo viver de acordo com esse padrão. Humanamente falando, é elevado demais para mim.
A verdadeira religião exige que eu ame o próximo de todas as maneiras possíveis. Por mim mesmo não consigo. É também por essa razão que é importante o descanso trazido pelo evangelho.
O evangelho traz descanso
Religião cansa, o evangelho traz descanso. Religião é insuportável, dá falsa segurança; o evangelho oferece vida de verdade.
E, para entendermos como o evangelho traz descanso, vamos, por um instante, voltar àquela lista de assuntos lá em cima. Prometo que é a última vez que falamos daquela maldita lista.
É curioso que, no Novo Testamento, não encontramos mandamentos, ordens, normas ou instruções do tipo que temos naquela lista. Ali não tem regra sobre aparência, nem sobre alimentação, nem sobre práticas religiosas, nem sobre qualquer um daqueles outros assuntos.
Agora, se você ficou surpreso com o fato do Novo Testamento não exigir essas coisas, é bem provável que ainda esteja preso às garras da religião. Por outro lado, você pode ficar livre como eu fiquei livre! E como é bom estar livre do peso insuportável daquelas regras!
Aliás, não é à toa que “evangelho” significa “boa notícia”. E a boa notícia — eu diria, ótima notícia — é que não preciso me esforçar para agradar a Deus!
Substituição total
Se você está me acompanhando até aqui, é possível que esteja se perguntando:
“Mas que negócio é esse de que não preciso agradar a Deus? Que seria de mim se eu não agradasse a Deus, se eu o entristecesse? Então, como é essa história de que não preciso mais me esforçar para agradar a Deus?”
A resposta está em Jesus. Ou, melhor, a resposta é Jesus.
Ele nos substituiu. Provavelmente a maioria das pessoas já ouviu falar que Jesus morreu pelos nossos pecados. Ou seja, que ele recebeu a punição que Deus tinha reservado para nós. Merecíamos a pena de morte por ofendermos um Deus justo e bom. Mas ele morreu em nosso lugar. Ele nos substituiu na nossa morte.
Também sabemos que ele viveu a vida perfeita que somos incapazes de viver. Mas algo que muita gente esquece é que Jesus viveu essa vida perfeita em nosso lugar! Ele nos substituiu na nossa vida.
Trocando em miúdos, isso significa que a vida perfeita de Jesus substitui nossas vidas imperfeitas. Ao olhar para mim, Deus não enxerga para minha vida imperfeita, mas a vida perfeita de Jesus, pois eu estou em Cristo. É disso que o apóstolo Paulo fala, quando declara que “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Coríntios 5.14).
Deus nos aceitou não apenas por causa da morte de Jesus, mas também por causa de sua vida. Ou seja, Deus se agradou da vida perfeita que Jesus viveu em meu lugar.
Foi substituição total. Isso é ótima notícia. Isso é evangelho.
Meu tudo vem de Deus
Jesus me substituiu. E agora, tendo me decidido a seguir Jesus, Deus veio habitar em mim por meio do seu Espírito Santo. É, por isso, que o apóstolo Paulo dá o seguinte testemunho:
“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” (Gálatas 2.20)
Porque tenho Cristo morando em mim, tenho absolutamente tudo que preciso para procurar viver uma vida agradável a Deus. Vejamos a instrução e também o testemunho pessoal que Paulo apresenta em várias de suas cartas:
Não sou eu quem mudo a minha maneira de pensar. É Deus:
- “Deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar.” (Romanos 12.2)
- “Deixem que o Espírito renove seus pensamentos e atitudes.” (Efésios 4.23)
O conhecimento e entendimento de que preciso vêm de Deus:
- “E nós recebemos o Espírito de Deus, e não o espírito deste mundo, para que conheçamos as coisas maravilhosas que Deus nos tem dado gratuitamente.” (1Coríntios 2.12)
- “O próprio Deus os ensinou a amarem uns aos outros.” (1Tessalonicenses 4.9)
- “O Senhor o ajudará a entender todas essas coisas.” (2Timóteo 2.7)
Deus também é a fonte da minha motivação & capacitação & força & poder
- “Pois o amor de Cristo nos impulsiona.” (2Coríntios 5.14)
- “Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele.” (Filipenses 2.13)
- “Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá forças.” (Filipenses 4.13)
- “Agradeço àquele que me deu forças, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou digno de confiança e me designou para servi-lo, embora eu fosse blasfemo, perseguidor e violento.” (1Timóteo 1.12-13)
- “Meu filho, seja forte por meio da graça que há em Cristo Jesus.” (2Timóteo 2.1)
- “O Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças.” (2Timóteo 4.17)
- “Pelo poder do Espírito Santo que habita em nós, guarde a verdade preciosa que lhe foi confiada.” (2Timóteo 1.14)
- “Por isso trabalho e luto com tanto esforço, na dependência de seu poder que atua em mim.” (Colossenses 1.29)
A mudança no meu comportamento é ele também quem opera:
- “O Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.” (Gálatas 5.22-23)
- “Que vocês sejam sempre cheios do fruto da justiça, que vem por meio de Jesus Cristo.” (Filipenses 1.11)
- “Oramos também para que sejam fortalecidos com o poder glorioso de Deus, a fim de que tenham toda a perseverança e paciência de que necessitam.” (Colossenses 1.11)
- “Pois Deus não nos deu um Espírito que produz temor e covardia, mas sim que nos dá poder, amor e autocontrole.” (2Timóteo 1.7)
E é ele quem dá verdadeira segurança:
- “Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar.” (Filipenses 1.6)
Meu tudo vem de Deus. Isso é ótima notícia. Isso é evangelho.
O convite-promessa de Jesus
Agora considere atentamente as palavras seguintes de Jesus. São um convite e também uma promessa:
“Vocês estão cansados, enfastiados de religião? Venham a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida. Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro. Caminhem e trabalhem comigo! Observem como eu faço! Aprendam os ritmos livres da graça! Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais. Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza.” (tradução A Mensagem, Mateus 11.28-30)4
Jesus veio para quem está exausto na alma, exausto de religião. Veio para mim.
Não despreze esse convite-promessa de Jesus.
Para que viver exausto? Descanse em Cristo. Lembre-se: “A religião cansa, o evangelho traz descanso”.
E onde fica a igreja?
Se você é cristão, você pode estar pensando: então para que serve a igreja? Afinal, venho batendo na tecla de que a religião cansa, mas o evangelho traz descanso. Minha crítica não é à igreja em si, mas a sistemas religiosos que estabelecem regras de comportamento que não estão na Bíblia.
Pense na igreja não como um prédio, mas um grupo de pessoas. A igreja é a família de Deus. Às vezes igrejas se reúnem em construções próprias, os chamados templos, às vezes numa garagem ou numa casa. O local não é importante; o que acontece ali é que é.
A igreja é a reunião dos filhos de Deus para se ajudarem uns aos outros na santificação, isto é, no crescimento na fidelidade ao rei Jesus. O resultado são vidas caracterizadas pelo fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. E isso deve ser realidade 24 horas por dia, 7 dias por semana. Essa vida transformada pelo Espírito Santo é a verdadeira espiritualidade.
Algumas características de uma boa igreja:
- A boa igreja sempre coloca Jesus no centro. Jesus é o rei dos reis.
- A boa igreja não se exalta nem se considera superior às demais.
- Na boa igreja a Bíblia é autoridade final, por isso, é cuidadosamente estudada e pregada.
- A boa igreja não reconhece ninguém como intérprete oficial da Bíblia.
- A boa igreja não cria nem cobra regras de comportamento que não estão na Bíblia.
- Na boa igreja a oração não é teoria, não é uma obrigação, não é um costume, mas uma realidade vibrante.
- A boa igreja condena a fofoca, mas incentiva que seus membros se interessem de verdade pelo bem-estar uns dos outros.
- A boa igreja não proíbe expressões emocionais (alegria, aleluias e até mesmo manifestações com voz mais alta) na hora certa, mas não confunde emoção com espiritualidade. É que pessoas podem expressar alegria, dar gritos e dizer aleluia, e, ainda assim, não serem cristãos de verdade ou, então, serem cristãos, mas frios espiritualmente.
- Em uma boa igreja as pessoas não condenam a tristeza, a depressão, o desânimo, mas procuram ajudar aqueles que experimentam isso. Na boa igreja as pessoas choram com os que choram e se alegram com os que se alegram.
- A boa igreja não faz discriminação entre as pessoas.
- A boa igreja não vive pedindo dinheiro.
Na hora de escolher uma igreja, o importante não é tanto a placa, o nome, mas o ambiente que favorece o crescimento em Cristo.
Um breve testemunho
Experimentei pessoalmente que religião cansa, mas o evangelho traz descanso. Então, vou lhe contar um pouco da minha caminhada como discípulo de Jesus.
Eu sei que cada um é cada um. E, por isso, a sua experiência nunca será igual à minha. Mas quero lhe mostrar como, não estando preso à religião, que cansa, o evangelho tem causado impacto em algumas áreas de minha vida, ou seja, como o evangelho me traz descanso.
Impaciência
Eu era muito impaciente. Aliás, ainda tenho a tendência de ser impaciente. Deus, contudo, me mudou. Tenho sido bem mais paciente com as pessoas. Tudo começou quando Deus colocou em meu coração o desejo de vencer a impaciência. Então, sabendo que eu mesmo não conseguiria mudar, comecei a pedir para ele me transformar. E sabe o que ele fez? Enviou-me problemas e dificuldades, colocou algumas pessoas difíceis no meu caminho. E aos poucos fui sendo treinado por Deus para ser paciente. Deus me mudou à maneira dele, mas me mudou.
Egoísmo
Tem outra área. É minha inclinação de ser mesquinho e egoísta. Um dia Deus chamou minha atenção. Fiquei envergonhado. Nunca tinha percebido com tanta clareza como eu era agarrado às minhas coisas. Eu tinha plena convicção de que não conseguiria mudar pela minha própria força. Por isso, passei a suplicar: “Pai, o senhor não quer que eu seja mesquinho e egoísta, mas eu não consigo ser diferente. Preciso da sua ajuda para mudar.” E aos poucos ele foi mexendo na minha vida. Percebo que sou menos mesquinho e egoísta, embora ainda tenha de progredir.
Deus posto de lado
Tem mais. Eu quase não falava com Deus. Eu orava quando surgia um grande problema. Era meu pedido de S.O.S. a Deus. E, é claro, orava em público, pois era comum as pessoas pedirem para eu fazer oração em alguma reunião religiosa. Então, Deus, sem eu pedir (mas tenho certeza de que havia pessoas intercedendo a Deus por mim) me mudou. Hoje tenho prazer em conversar com Deus. Aliás, sinto não apenas prazer mas necessidade de orar.
Orgulho
Tem ainda outra coisa: orgulho. Eu tinha uma falsa modéstia. Não dizia aos outros para me chamarem de doutor, mas bem que eu gostava quando me chamavam assim. Eu me orgulhava de minha carreira acadêmica, me considerava superior a quem não tinha ido tão longe em seus estudos. Mas Deus removeu da minha vida essa altivez idiota. Afinal, na vida futura, quando estiver na presença de Deus, ninguém vai me chamar de “doutor”. E o que eu mais quero é ouvi-lo me chamar: “Marcio, meu filho”. Essa será a minha glória!
Sexo
E tem algo pior. É a área de sexo. Não quero dizer que, aos olhos de Deus, as transgressões sexuais sejam piores do que as outras. É que no meu caso foi pior porque causou-me muita dificuldade e tristezas. Inclusive, meu primeiro casamento acabou indiretamente por causa disso. Eu sabia que masturbação, pornografia e sexo fora do casamento eram errados, mas não conseguia me livrar dessas coisas. Eu lutava. Era uma montanha russa: uma hora lá em cima, outra lá embaixo. Havia momentos de vitória e momentos de derrota. Era frustrante. Contudo, Deus operou um milagre em meu coração. Aquelas práticas ficaram para trás. Se Deus conseguiu realizar essa mudança quando eu tinha quase 60 anos de idade, então tem poder de transformar qualquer pessoa, não importa o defeito ou a idade.
Minha vida em retrospectiva5
Eu poderia apresentar outros exemplos de mudança operada por Deus em minha vida. Mas creio que esses são suficientes para mostrar o poder do amor do Pai na vida dos seus filhos.
Sou grato ao Pai por tudo que tem feito em mim e por mim.
A grande verdade é que essas transformações em minha vida não teriam acontecido, se eu estivesse apegado à religião. A dura realidade é que eu teria ficado tão preocupado em seguir as regras que não teria prestado atenção à voz de Deus sussurrando no meu coração, mostrando áreas que ele queria e ainda quer transformar em mim. A religião é inimiga de Deus. Meus esforços religiosos impediriam Deus de agir em minha vida.
Lamento a hipocrisia que vivi. Hoje, como sei que não conseguirei atingir a perfeição nesta vida, quero pelo menos viver uma vida de integridade.
Descanso!!!
Repito quantas vezes forem necessárias: religião cansa, o evangelho traz descanso. E que descanso!!!
Para refletir
- Além das práticas religiosas mencionadas no início da postagem, de quais outras você consegue se lembrar?
- Você está preso a práticas religiosas? Quais?
- Na sua experiência religiosa, quais são as regras e práticas mais cansativas ou insuportáveis?
- Quais são as principais áreas em que você luta, mas não consegue vencer?
- O que você acha do mandamento de Jesus de amarmos o próximo até mesmo com o sacrifício da própria vida?
- O que a morte de Jesus significa para você? E a vida dele?
- Você já se apropriou do descanso prometido por Jesus?
NOTAS |
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1. Este site existe por uma única razão: na minha experiência a religião cansa, mas o evangelho traz descanso. E eu preciso compartilhar isso com todos, inclusive com os amigos adventistas. Aliás, sem esta postagem, este site seria incompleto, na verdade extremamente incompleto. Eu não poderia lançar o site sem deixar bem claro o que é o verdadeiro evangelho, o que é a graça de Deus manifestada em Jesus. 2. O conceito “religião cansa, o evangelho traz descanso” é antigo. Teve origem em Jesus. Mas a frase em si é, com certeza, bem mais nova. Acho que a primeira vez que ouvi “religião cansa, o evangelho traz descanso” foi da boca do pastor Alexandre Chagas, da Comunidade Graça Bruta, em Londrina, PR. 3. A versão bíblica usada nesta postagem é a Nova Versão Transformadora (Editora Mundo Cristão). 4. A tradução na Nova Versão Transformadora é: “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo. Deixem que eu lhes ensine, pois sou manso e humilde de coração, e encontrarão descanso para a alma.” 5. Compartilhei em algumas igrejas a transformação operada por Deus em minha vida. Caso tenha interesse em saber mais do que Deus fez e está fazendo em minha vida, clique aqui para ver o testemunho que dei em 18 de agosto de 2020 na Comunidade Graça Bruta (Londrina, PR). |